sexta-feira, 28 de março de 2008
Uma carta
quinta-feira, 20 de março de 2008
A idade da humildade
Sobre a idade longa, disse Bento XVI, de improviso, na homilia durante a Santa Missa celebrada no Centro Internacional Juvenil São Lourenço, a 13 de março 2008:
«...Poderíamos dizer que toda a ciência, sobretudo a medicina, é uma única e grandiosa luta pela vida. No fim de contas, a medicina é a procura da oposição à morte, é a busca da imortalidade. No entanto, podemos porventura encontrar um remédio que nos garanta a imortalidade? É precisamente esta a questão do Evangelho hodierno. Procuremos imaginar que o remédio chegue a encontrar a receita contra a morte, a receita da imortalidade. Mesmo neste caso, tratar-se-ia ainda de um remédio inserida na biosfera, indubitavelmente um remédio útil também para a nossa vida espiritual e humana, mas por si só um remédio limitada a esta biosfera. É fácil imaginar o que aconteceria, se a vida biológica do homem não conhecesse ocaso, se fosse imortal: viveríamos num mundo envelhecido, um mundo cheio de idosos, um mundo que não reservaria mais espaço aos jovens, à renovação da vida. Deste modo, compreendemos que este não pode ser o tipo de imortalidade ao qual aspiramos; não é esta a possibilidade de beber da fonte da vida, que todos nós desejamos. Precisamente nesta altura em que, por um lado, compreendemos que não podemos esperar um prolongamento infinito da vida biológica e todavia, por outro, desejamos beber da própria fonte da vida para gozar de uma vida sem fim, é exactamente nesta altura que o Senhor intervém e nos fala no Evangelho, dizendo: "Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim, mesmo que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá para sempre". "Eu sou a Ressurreição!": beber da fonte da vida significa entrar em comunhão com este amor infinito, que é a fonte da vida.
Encontrando Cristo, entramos em contacto, aliás em comunhão com a própria vida e já atravessamos o limiar da morte porque, para além da vida biológica, entramos em contacto com a verdadeira vida. Os Padres da Igreja definiram a Eucaristia como remédio da imortalidade. E é assim, porque na Eucaristia nós entramos em contacto, aliás em comunhão com o corpo ressuscitado de Cristo; entramos no espaço da vida já ressuscitada, da vida eterna. Entramos em comunhão com este corpo, que é animado pela vida imortal, e vivemos assim desde já e para sempre, no espaço da própria vida. E de tal forma, este Evangelho é também uma profunda interpretação do que significa a Eucaristia, convidando-nos a viver realmente da Eucaristia para podermos ser deste modo transformados na comunhão do amor. Esta é a vida verdadeira. No Evangelho de João, o Senhor diz: "Vim para que tenham vida, e a tenham em abundância". Vida em abundância não significa, como alguns julgam, consumir tudo, ter tudo e poder realizar tudo o que se deseja.
Em tal caso, viveríamos para as coisas mortas, viveríamos para a morte... »
Fonte: L'Osservatore Romano
terça-feira, 18 de março de 2008
Sem idade
No ano em que perfazem 100 anos, ou mais, vivos e activos, curvo-me perante:
- Claude Lévi-Strauss (100 anos a 28 de Novembro)
- Manoel de Oliveira (100 anos a 12 de Dezembro)
- Oscar Niemeyer (101 anos a 15 de Dezembro)
Assim Deus os queira e guarde com esta excepcional actividade a que nos bem habituaram.
Isto, pensando neste Dom, a idade, que nos vai chegando. Mas há os menos afortunados, os que chegam a esta Idade Maior com menos qualidade, com filhos também idosos, a rondar os 80, e até mesmo com netos acima dos 50. Tudo isto dá que pensar: afinal o avançar médio da idade pode ser também uma das novas Torres de Babel, edificada pela vaidade de dominar a Natureza.
Lévi-Strauss, por Júlio Pomar
Mas aí há um outro Dom: o de, durante a maior parte da vida, se sentir o peso do corpo, o peso da oferta, o peso do pó.
Manoel e Maria Isabel de Oliveira, O Enigma, 2007.
E porque um Dom recebe-se Dele, é por isso irrecusável. Mas o espaço para o arbítrio também é Dom, decerto aquele mais irrenunciável: o que fazer, do cimo deste corpo, desta idade?
pergunta ao de Manoel: «Mas tu gostas mesmo de mim?».
É de improviso que se adivinha, e Manoel responde, sem palavras.
Mais tarde abre-lhe a porta do carro, junto ao mar.
Com idade
Do cimo desta idade, olha-se para os iguais com assombro e medo. A recriação de uma amizade, impossível para quem esteve lá, faz o nosso teatro, este mais duro e verdadeiro que qualquer Shakespeare: afinal o soldado alemão e o soldado francês abraçam-se. Quem são mais reais, estes mais recentes ou o mais idoso? O que viveu a guerra, ou o que veio meia hora antes da Pizza Hut, com pressa, para fazer esta sessão de fotografia? O que viveu a guerra, ou o que agora lê esta "curiosidade" no jornal?
Sem guerra, a futilidade. Com guerra, a futilidade. Com idade.
domingo, 16 de março de 2008
Um Compromisso
Do dia 9 de Março 2008, no Turcifal, entre outras coisas que não esqueceremos, ficou-nos também este livro. Conjunto de contos, escrito por quem nos lê por dentro e nos descreve, nós, ora fortes ora fracos, ora melhores, ora piores, sempre humanos. Por trás do texto, o desafio...
No frontispício uma nota de oferta, sem nomes, sem assinaturas. Muito para aprender.
Henri Caffarel, Nas Encruzilhadas do Amor. Estoril: Princípia Editora, Lucerna, 2008. ISBN 978-972-8835-48-4.
sexta-feira, 7 de março de 2008
segunda-feira, 3 de março de 2008
Uma trabalhadora
sábado, 1 de março de 2008
Um trabalhador
Registado à pressa, com o meu telemóvel, na rua Rosa Araújo, Lisboa. Eram dois, os trabalhadores, ao início, sem arnês, cordas, ou andaimes. Aparentavam ser imigrantes. Um deles entretanto subiu o telhado para fora de alcance da imagem.
O edifício: Instituto da Vinha e do Vinho. O dia: 27 Fevereiro 2008. Hora: 18h00. O trabalho: colocar telhas novas.