segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Salva vidas
Primeiro Domingo de 2009, e mais um texto impressionante de Frei Bento Domingues no Público. Conclui: «Celebramos, hoje, a Epifania (...) É interessante notar que Jesus não se ajoelha perante os símbolos da riqueza (ouro), do sagrado (incenso) e da imortalidade (mirra) que lhe apresentam. É a grande mensagem cristã: não vender a alma a nenhum bem deste mundo profano ou religioso.»
Antes foi por Frei Bento tudo corrido 'à cacetada,' no que ao capitalismo autofágico diz respeito: «A fórmula pronta a servir, diante do fracasso da sua auto-regulação, é a ética aplicada.
Como a ética não é um produto natural – para não deixar tudo à arbitrariedade subjectiva – são precisas leis que regulem a vida numa sociedade democrática.
Como as leis precisam de ser aplicadas, é necessária a supervisão para saber se estão a ser bem aplicadas ou não.
Como numa sociedade laica não se confia a Deus a supervisão, é preciso fé nos seres humanos e no funcionamento das suas instituições.
Como estes e estas são falíveis, é preciso o recurso à polícia, aos tribunais e às cadeias.
Como a justiça não tem fórmulas automáticas de funcionamento, também é preciso fé na justiça, fé no Estado.
Diz-se que, quando nada disto funcionar, ainda resta o desespero e a violência.»
Votos de uma ano novo em renovada crença naquilo que nos pode salvar e no dom da distinção daquilo que não nos salvará.
O texto completo de Frei Bento está aqui.
domingo, 19 de outubro de 2008
Evangelização da sexualidade
No jornal Público de Domingo, 19 de outubro de 2008, p. 46, Frei Bento Domingues lembra os 40 nos da Humanae Vitae, «chamada muitas vezes, 'a encíclica da pílula'».
E refere que «este documento produziu um desconforto eclesial inapagável». Cita o desejo do Cardeal Carlo Martini em que a Igreja trabalhe «o desenvolvimento de uma nova cultura da sexualidade e da relação, pois esta encíclica é, em parte, responsável por muitos já não tomarem a sério a Igreja como interlocutora ou como mestra.»
E acrescenta «aos jovens dos países ocidentais, já quase não lhes passa pela cabeça recorrer a representantes da Igreja para os consultar sobre questões de planificação familiar ou de sexualidade. Muitas pessoas afastaram-se da igreja e a Igreja afastou-se dos seres humanos. Ficou muito prejudicada com essa atitude.» Frei Bento Domingues refere o desejo do Cardeal Martini, expresso no seu livro Colóquios Nocturnos en Jerusalém, de «uma nova encíclica, na qual o magistério diga algio de positivo sobre a sexualidade. Ele próprio faz sugestões e aponta um método de diálogo para que, nesse documento, não sejam dadas respostas a perguntas que não existem».
E Frei Bento Domingues conclui: «é preciso, antes demais, fazer da Igreja um lugar habitável para mulheres e homens, jovens e adultos, sejam eles hetero ou homossexuais. Toda a realidade humana é ambígua. A sexualidade também é terra de evangelização».